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Os desafios da agenda climática em Moçambique 

Os desafios da agenda climática em Moçambique 

Foto: Google

É importante que repensemos nos desafios do país relativamente às alternativas da adaptação climática sustentável. As projecções para 2050 em todos cenários indicam para um aumento contínuo da temperatura a nível global (IPCC, 2021), influenciado pelas emissões de combustíveis fósseis (cerca de 83%) e pelas mudanças no uso da terra (cerca de 17%). Esse aumento terá impactos socioeconômicos e ecológicos significativos globalmente (principalmente em economias subdesenvolvidas como são os casos de países da África Subsaariana e Sul de África).

Uma estimativa sugere que o PIB per capita para 1991–2010 na África foi em média 13,6% menor do que se as mudanças climáticas não tivessem ocorrido (IPCC, 2021). Os impactos se manifestam principalmente por meio de perdas na agricultura, bem como no turismo, manufatura e infraestrutura. Outrossim, prevê-se igualmente a intensificação do fenômeno socioambienal, refugiados do clima.

Segundo o relatório da Norwegian Refugee Council, (2021) do total de 40.5 milhões de deslocamentos internos motivados pelo clima registrados em 2021, 30,7 milhões (75.8%) foram desencadeados por desastres, sendo as secas e inundações apontadas como causas principais, Othering & Beloging Institute, (2021). E Moçambique não será excepção. Somos uma economia predominantemente centrada no sector primário (sector fortemente vulnerável às mudanças climáticas). Ou seja, a nossa dependência aos serviços ecossistêmicos é extremamente alta.

O aquecimento global poderá resultar no aumento de eventos de rápida (inundações e ciclones) e lenta (secas, desgelo e desertificação) progressão. Por sua vez, esse fenómeno resultará na redução da disponibilidade de água, aumento do nível médio das águas do mar (com impactos severos em cidades como Beira e Quelimane), ameaça da segurança alimentar (redução da produção e produtividade agrícola, pecuária e pesca) e da nossa matriz energética que é predominantemente hidroelétrica (dependente da disponibilidade da água).

Alternativamente, pode-se refletir em caminhos como: a adaptação baseada em ecossistemas ou soluções baseadas natureza combinado com a adaptação transformacional seriam a longo prazo caminhos sustentáveis para a redução dos impactos das mudanças climáticas sobre os nossos sistemas naturais e humanos. Ou seja, soluções como diversificação da nossa matriz energética que atualmente depende amplamente de um recurso natural cada vez mais escasso (água); desenvolvimento e massificação da agricultura de conservação (que aumenta a fertilidade do solo, através da melhoria das suas características físicas, químicas e biológicas); e políticas e estratégias que contribuam para uma gradual transição de uma economia essencialmente primária (altamente vulnerável a choques climáticos) a uma economia terciária (baseada em serviços). Portanto, ao grupo de países subdesenvolvidos (como é o caso de Moçambique) caracterizado por uma residual participação histórica e actual no mercado de emissões (agenda da mitigação climática), resta-lhes actualmente um enfoque urgente e estrutural na agenda da adaptação climática.

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